Onde foi que eu perdi a minha essência?

Quando essa pergunta surgiu, vi que eu estava realmente me enxergando por dentro, isso em meio a toda loucura que vivi em dez anos de vida profissional, relacionamentos com amigos, família e tudo mais. Começou ali, quando eu quis “ser alguém na vida”, como muitos ensinam para nós desde criança.

Comecei já uma vida profissional com esse pensamento condicionado de “ser alguém”! Lá fui eu…

Lembro que muitas vezes na vida, no trabalho, em casa fui questionada sobre meus valores e personalidade.

“Você não pode ir pra tal país porque fala alto, ri muito e é muito colorida”

“Não vai viajar a trabalho, porque você vai ficar fotografando o céu e os passarinhos e não vai focar”

“Não vai ser coordenadora porque é criativa”

“Você não serve para ser estilista porque não sabe pegar numa agulha”

“Você é muito ingênua, acredita em tudo que te falam”

“Nem sempre você precisa falar a verdade”

E por aí vai…

Euzinha dei bola para o julgamento e foi ali que perdi a essência.

Tomei como revolta por um tempo. Tentei mudar muito meu jeito quando eu pensava nos outros e comecei a ser muito ingrata por eles, pois eu já não enxergava mais nada se não aquilo que mexeu comigo negativamente.

Ao invés de defender meus valores, muitas vezes me sobrecarregava da falta deles.

Eu já não pensava mais que ser eu mesma pudesse contribuir para as pessoas. Isso pelo simples fato de ser sempre julgada pelos meus valores principais que talvez incomodava as pessoas: estar alegre por qualquer situação, fotografar a natureza e admirar, ensinar e contribuir criativamente, falar a verdade, exercer minha profissão com carinho.

Como eu enxerguei que perdi tudo isso?

Eu caí fora. Caí fora das ideias erradas sobre mim. Mergulhei em mim. Eu me amei. Me questionei, me indignei e me permiti errar.

Parei de olhar pros lados e busquei em mim de novo o que eu mais amava. Aquelas coisas que eu tinha deixado lá atrás e eu não estava mais fazendo…

Fotografo a natureza mesmo não sendo fotógrafa, sou sonhadora, voltei a viajar pra lugares simples e especiais: mesmo rindo muito e falando muito. E para dar uma continuidade, hoje sou líder, caminho outros líderes no projeto Agradeço Agora e exerço minha profissão há 10 anos com muito entusiasmo.

Eu, somente eu dei bola. Eu perdi a minha essência. Não tiraram de mim. Eu deixei de fazer as coisas que eu gostava por causa da opinião dos outros.

Mas isso mudou de verdade: parei de acusar todos os “monstros” que fiz na minha cabeça e hoje tenho muito mais pessoas que me apoiam do que pessoas que botam a minha ossada pra baixo. O mais louco disso tudo que a vontade desenfreada de julgar, cai por terra.

E aí hoje eu escuto:

“Você tem que ir pra tal país, é lindo e tua cara e as pessoas são divertidas!”

“Você tem que viajar para tal lugar, a natureza é linda e você pode tirar muitas fotos!”

“Obrigada por  fazer um trabalho maravilhoso e nos inspirar a caminhar com você”

“Você é uma profissional muito talentosa! ”

Parece continho de gente doida, Toinho da lua, mas não é. Isso é comprovado cientificamente: A GRATIDÃO MUDA O OLHAR. Quando tudo está ruim, é melhor analisar a  vida e mudar o repertório para permanecer seguindo os seus valores.

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