GRATIDÃO, MÃE
Antes que alguém ache estranho, sim, estou escrevendo depois do dia das mães. Não queria que esse texto fosse jabá de nossos produtos. Quero que esse texto seja sentido, sem data e hora marcada. Apenas com a leve intenção da partilha de uma história que pode acontecer com qualquer pessoa, em qualquer fase.
Eu tenho 30 anos de idade. Minha mãe 52.
Lembro bem que desde pequena ela queria cuidar de mim como se eu fosse o bem maior dela. Dizem as amigas dela que faltava me ferver na panela! Ao longo dos anos, veio meu irmão. O tratamento da mãe não foi diferente. Sempre muito cuidadosa.
A mãe teve uma vida diferente da nossa na sua adolescência, do nordeste para Brasília, aos 13 anos já foi trabalhar em casa de família. Viveu uma adolescência um pouco adulta e um pouco criança , da roça pra uma selva de pedra.
Já minha adolescência eu tive pequenas liberdades de viver algo diferente dela, com mais oportunidades de estudo, cuidados e muitas outras vantagens. Vivi um mundo desconhecido para ela e uma diversão para mim. Nos desconectamos fisicamente, porém nos deixamos para fluir, para aprendizados, mesmo não entendendo esse processo com tanta fluidez.
Passaram se os anos, chegou meus 30. Não compreendi tudo, não calcei seus dois sapatos e isso seria impossível. Mas tentei entender seu mundo de preocupação, suas noites mal dormidas, seus desesperos. Não sou mãe, quero ter filhos e gostaria sim de agir diferente de algumas ações porém isso é futuro, não sei como será e não é meu objetivo prever, muito menos obter a opinião sobre isso de terceiros.
Não quero contar muitos detalhes de nossa história, quero frisar um detalhe que estou aprendendo com mães, pais, com avós, com ancestrais, com nossa história:
- DIÁLOGO
Não aprendemos dialogar nas escolas e muitos em casa aprenderam que só tínhamos que ouvir os mais velhos, foi se perdendo o diálogo. As crianças começaram a dizer apenas amém pro que os outros dizem, sendo rotuladas de rebeldes quando não tinham a chance de expor uma opinião e assim ficam adultos, competidores da fala.
A importância do filho ouvir é sem dúvida maravilhosa, porém a importância de ser ouvido e compreendido pode ser muito valiosa também e sempre há uma chance de aprender a ouvir e desenvolver a confiança e a compreensão.
- CULPA
Aqui e agora é a única realidade que temos, não precisamos carregar nenhuma culpa quando nós estamos fazendo o nosso melhor e aprovando aquilo que fazemos. Temos a chance de recomeçar em qualquer relacionamento, seja de mãe para filhos e de filhos para mães, seja de amizade, amor ou família sem carregar culpa. Afinal, não cabe a nós julgar o que o outro fez. Só cabe viver o que é daqui pra frente, e podemos escolher com leveza. Ninguém deve desculpas para ser melhor como pessoa! O perdão a gente sente na mudança e doação que queremos para nós.
Este final de semana fui em um bate-papo com uma terapeuta, mãe, que falava sobre Maternidade em uma roda de conversa. E ela contou sobre as várias vozes de culpa que entram na cabeça das mães que acabam levando para seus filhos. Relatou também sobre a importância de identificar quando está se culpando e ver que isso acontece com todas, que não é o fim do mundo e frisou a importância de saber que cada uma terá seu aprendizado diferente. Que a forma que se cria é a forma que pode no momento e está tudo bem!
- AMOR E SABER AMAR
Mesmo que o outro está cansado, amargurado, triste, temos a chance de amar. Temos a chance de mostrar o oposto sempre. Temos a chance de servir. As gerações são diferentes, os quereres são outros, mas o amor sempre foi um, sempre foi de um significado: doação, servidão, empatia.
O recomeço será sempre uma necessidade humana no momento em que a harmonia acaba. E qualquer problema fica pequeninho quando nos entregamos com Amor.
1- “O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.”
1 Coríntios 13:4 (Bíblia NVI)
2- “o amor não depende exclusivamente das emoções. Amor é o que você faz e diz, não apenas o que você sente.” Dr. Gary Chapman, autor do Livro as 5 linguagens do Amor.
Segundo ele, existem cinco linguagens para o amor, que são: toque físico, palavras de afirmação, tempo de qualidade, atos de serviço e presentes. Entender qual é a linguagem do outro através de um diálogo pode facilitar a sua entrega de amor para o outro, sem esquecer a honra de termos a vida. A honra de termos um ao outro e esse amor divino de graça que podemos exercer.
- ACEITAÇÃO
Em todo relacionamento de mãe e filho, chega uma hora que um não entende o outro. E isso é uma matemática simples, somos diferentes um dos outros e de idade e vidas diferentes. Se um momento não está propício para morrer de amores, não há problema. As vezes se leva um tempo para aprender a amar. A aceitação não seria apenas a forma de você aceitar que você é assim e pronto, a aceitação é olhar para o outro e ver que você não pode mudar o outro. Mas sim, aceitar. E se há dificuldade nisso, a aceitação tem que vim de entrega, confiança e gratidão pela oportunidade de você mesmo aprender a amar.
Gratidão Mãe, você fez o que pôde e faz o que pode!